A Elisabete não gosta desta cidade, mas sim de tudo a que esta difere. Gosta do mar, gosta das pessoas que vivem perto dele, é apaixonada por crianças e ama todo o espírito infantil que existe numa boa e inofensiva brincadeira, num sorriso genuino e num olhar puro, gosta do mundo espiritual e é fascinada pelas artes.
Por muito que aqui tenha nascido, crescido e vivido, de tudo fez para se afastar e percorrer o país, bem como o dos "nuestros hermanos", em busca do que a faz realmente feliz.... e com algum sucesso assim viveu durante cerca de dez anos.
Com 29 anos a Elisabete começa a saber o que quer fazer da vida, a ter a certeza de onde quer viver e onde não viveria por nada, e com isto, decide traçar um rumo e caminhar nesse sentido.
Ao longo dos anos as suas viagens à "terra Natal" foram feitas regularmente, mas por espaços de tempo curtos, pois sempre afirmou não lhe fazer bem física ou psicoligamente.
A cidade, comum a qualquer outra, é antiga, a população jovem, mas seletiva, os espaços de maior movimento bem visíveis, mas o convívio entre as pessoas de difícil acesso pois, afirma Elisabete, o núcleo original preza pela territorialidade, excentricidade, aparência e reserva.
Cresceu nas suas redondezas, mas fez vida bem citadina, o pai, homem humilde e de vida modesta, com 10 filhos e uma idade que não esconde a tardia criação dos últimos "rebentos", desde cedo dedicou parte da vida à astrologia e com ela fez carreira, tendo quem por ele procurar-se e assim criando uma carteira de clientes, podendo sustentar-se desta forma.
Elisabete afirma conseguir seguir a profissão do pai, como meio de sustento temporário, pois os extras sempre lhe vão dando algum jeito para aguentar as despesas de uma vida nómada e solitária como a sua, mas conclui que, de cada sessão realizada guarda consigo as energias negativas do sofrimento dos seus clientes, e com isto define a sua cidade como um espaço muito negativo, triste e com consequências desgastantes na sua vida.
Parte para Sul, para a praia, longe e melindrada das energias negativas que por aqui sente e que só a fazem chorar, sem haver uma razão definida para acontecer, e lhe trazem desgraças como uma conta de 600€ do arranjo de um carro ou falta de papeis na Segurança Social que atrasam a sua possível carreira noutro sítio qualquer.
Ela partiu novamente e mais tarde irá voltar....
Será loucura? será mesmo uma cidade e as suas pessoas capazes de tais efeitos? fica a dúvida...
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